Buenos Aires, 2019 - Dia 2: O Mo Gun da Família Moy Go Chai, a sorte e uma notável administração do tempo. Por Carmen Maris (Moy Kat Ming)



Hoje foi o dia de conhecer o Mo Gun da Família Moy Go Chai. 
Si Suk Leandro Godoy, além de mestre de Ving Tsun, é cuteleiro - aquele que forja instrumentos de corte.
Pudemos ver um pouco de como ele organiza sua fabricação, os tipos de armas que constrói em sua oficina.
Enquanto Si Fu e Si Mo se reuniam com Si Suk, pudemos manusear um Kukri (um tipo de faca curva) forjado por ele e durante esse manuseio trocamos idéias entre nós.
Observei os movimentos que Si Hing Léo Reis e Si Hing Carlos Antunes faziam com ele e quando aquela faca passou para minhas mãos, tive minha leitura de o que pedia aquela arma. Tive a sensação clara, assim como outros Si Hing, de que aquela faca "pedia" o apoio da mão livre para ser usada com dignidade marcial.
Nunca havia tido uma experiência com arma de arte marcial que me fizesse pensar como pensei.

Finalizamos a visita e fomos almoçar em um restaurante cantonês com as participações de Si Suk Godoy, seus filhos e seus discípulos Andrés e Mariano.




A hora de cumprir um dos compromissos do dia chegava. 
Já passava das 16h e às 17h começaria a partida final da Copa Libertadores da América, onde o Flamengo era o time brasileiro contra o local River Plate.
A leitura Kung Fu disso foi que aquela era uma experiência inédita, forte e sobretudo curiosa para mim. 
Torço pelo Flamengo desde sempre, estava no território do time adversário e sem nenhum torcedor do Flamengo à minha volta. Eu tinha tudo contra mim: inclusive meu próprio condicionamento pelas gritarias comemorativas de gols do Flamengo no Rio de Janeiro me fez confundir o grito da torcida do River e gritar "Gol!" junto. Que maçada.
Depois de, praticamente, o jogo inteiro passar vem um empate surpreendente e e depois uma vitória milagrosa a dois minutos do fim da partida.
Jogo limpo e justo. Mas dos dois, um teve a sorte da qual nosso Si Fu costuma falar. Aquela que faz o objetivo se concretizar e nesse cenário o dia foi do Flamengo e não do River Plate.

Voltamos ao hotel e descansamos para jantar mais tarde.
Antes de sair, Si Hing Léo Reis conduzia uma prática com todos no lobby do hotel.
Pude rever vários aspectos de tudo que venho praticando: a importância de estar verdadeiramente em guarda e pronto e o aproveitar-se do que o outro nos dá para dar a ele algo ainda melhor.

Seguimos para o restaurante Parrilla recomendado pelo Si Hing Eduardo Fauzi. Típico da região de Astúrias (norte da Espanha).

Boa comida, boa conversa e a continuidade da sintonia da comitiva.

Esse foi um daqueles dias muito produtivos em que o dia pareceu ter 50 horas de tantas coisas que aconteceram.

Como é bom ver o resultado de uma boa administração do tempo.

Sorte a nossa poder fazer isso acontecer.



Moy Kat Ming