Às 7h da manhã do segundo dia dessa proto-imersão, acordei com Si Hing Moy Tai Lei e Si Fu já se preparando para nossa prática e fui pego de surpresa ainda na cama de cueca. Em retrospecto, depois que Si Fu apontou o fato, percebi que eu poderia ter me preparado melhor para estar pronto às 7h em ponto, para que não perdêssemos tempo em nossa reunião. Uma reunião de tempo limitado que conseguimos organizar.

Fomos ao parque local e eu executei o que lembrava do Siu Nim Tau e do Cham Kiu e rapidamente fiquei frustrado com o quanto havia esquecido. Si Fu foi muito rápido em notar isso e nos lembrou do fato de que, ao praticar Kung Fu, o certo ou o errado não importa. O que importa é o aprendizado e como você pode se refinar a partir de sua situação atual, não importa se ela é melhor ou pior do que antes.

 

Moy Tai Lei e Moy Lei No fazem o Siu Nim Tau em Manor Park


Voltamos ao prédio e entramos no telhado, onde pratiquei Chi Sau pela primeira vez, e foi extremamente divertido. Foi como se eu tivesse sido jogado na piscina quando criança, sem nunca saber nadar, mas, de alguma forma, conseguindo flutuar. Em suma, eu estava me desafiando e me desenvolvendo em um ritmo muito rápido - algo que considero bastante gostoso.

Si Fu sendo Si Fu, nos disse para interrompermos o treino quando estivesse bom. Sentamos e começamos a ouvir a história dele sobre por que você deve terminar as coisas quando elas estão boas, não quando você está cansado delas. Aproveitar ao máximo, não prolongar ao máximo.

É seguro dizer que, depois de passar 3 anos desconectado do Kung Fu, ter tido 3 lições profundamente significativas transmitidas pelo meu Si Fu fez da minha primeira manhã na Inglaterra uma das melhores manhãs que já tive na vida. E eu adoro manhãs! A quantidade de conteúdo que obtive apenas nessa manhã alimentará minhas reflexões por meses a fim. E mesmo assim, eu sinto que eu não tive o suficiente.

 

Moi Lei No faz seu primeiro Chi Sau com a orientação de Moy Tai Lei e Si Fu


Fomos ao apartamento de Moy Tai Lei e tomamos um café da manhã adorável com todos, e consegui fazer com que a Chloe (filha de Moy Tai Lei e sua esposa) e os cachorros se aquecessem e brincassem comigo antes do café da manhã. Foi muito divertido criar laços com um bebê que não havia conhecido em menos de 24 horas.

Fizemos nossas malas e fomos para o centro da cidade de Londres e fizemos uma caminhada muito agradável, cheia de fotos e vídeos. Conhecer a cidade e, especificamente, a London Eye e o Big Ben foi muito interessante! Especialmente com a companhia de Si Fu, Si Mo e Si Hing Moy Tai Lei. Decidimos comer no local antes de seguirmos nossos caminhos para nossas respectivas viagens. Comemos em um hotel-restaurante que tinha um serviço muito atencioso, e a comida estava mais agradável do que eu esperava, dada a (in)famosa reputação da culinária inglesa! 

 

Esquerda para direita: Si Mo, Si Fu, Moy Lei No, Moy Tai Lei


O ponto mais marcante dessa refeição para mim foi o fato de eu ter tentado pagar a conta "com Kung Fu", indo ao banheiro e pagando toda a conta antes de voltar à mesa. Si Fu, sendo Si Fu, decidiu pedir a sobremesa e tornar mais difícil para eu criar uma experiência fluída para o nosso almoço. Seja intencionalmente ou com seus instintos mágicos de Kung Fu, ele me ensinou uma última lição: não importa quão bem eu planeje e execute um plano, sempre haverá fatores externos que aparecerão no caminho e que eu terei de ajustar da melhor forma possível. Nesse caso, foi pagando pela sobremesa muito rapidamente, tão rapidamente que, supostamente, ninguém percebeu. Vou considerar isso como uma vitória (tanto a lição quanto o elogio)!

Nós nos despedimos com alguns dos abraços mais calorosos que recebi em muito tempo, demonstrando claramente o amor e o carinho que temos um pelo outro. Eu não poderia ter terminado essa pequena mas significante viagem de um jeito melhor. Talvez só se eu voltasse com Si Fu e Si Mo para sua casa nos EUA. Talvez no futuro...

Si Fu e seu 47° discípulo se despedindo na estação de metrô londrina "Enbankment"