Quando realmente se inicia "um evento"? Esta é uma das inúmeras perguntas que Si Fu nos deixa para refletirmos e são sempre abordadas em diversos momentos pela família Moy Jo Lei Ou. 


A Porta está aberta, o convite feito!

Hoje está sendo um destes eventos em minha jornada, onde oportunamente depois de décadas de ensaios e tentativas frustradas ou postergadas por inúmeras questões familiares ou logísticas, atravesso a fronteira brasileira. 

Interessante que isto acontece exatamente quando esta questão não fazia mais parte de meu horizonte de possibilidades, simplesmente não pensava mais sobre o tema diante "das prioridades" (sim este plural é de doer os olhos ou ouvidos) da vida. No meu imaginário, até pouco tempo, pensar em fazer uma viagem dessas era algo que teria tantas complicações com custos tão altos que seria necessário ganhar na megasena (risos), mesmo vendo os preços numa consulta orçamentária que me mostrava que estava vendo um bicho papão debaixo da cama!


Contra nossa estranheza mental, temos o privilégio de viver o processo Kung Fu com suas "ferramentas" e abordagens que nos fazem não apenas enxergar nossas narrativas vitimistas quanto superar nosso adversário mais íntimo.


Foto tirada por Letícia 


Estava semanas atrás numa prática com Si Hing Simão e mais alguns dentre tentativas vãs na execução de algum exercício sem progresso, pois não entendíamos onde estávamos falhando. Sim, perdoem-me a falta de precisão, é o sono. Lembro-me de Simão por ter sido o interlocutor do meu momento "Eureca", por sua formação em matemática, disse: "- Simão, já sei! O problema é que estamos correndo a mão sobre o arco quando apenas nosso corpo precisa estar angulando sobre o vértice". Sim, eu sei, meus tutores agora devem estar com a mão na testa e o Si Hing Silva com um olhar de The Rock: "Rangeeeel, por que você abriu a boca? Apenas execute! Pior ainda: Si Fu agora está lendo isto Rangel!". Só me resta rir e fazer diferente da próxima vez.


O caso acima me veio quando estava saindo do banheiro do aeroporto para encontrar a comitiva no Café Bauducco junto de um sentimento de realização, não mais por estar embarcando, mas por toda a jornada que tinha desbravado para tal. Mais ainda, não foi pelo que fiz ou que deixei de fazer, pois não gosto da música "você não sabe o quanto eu caminhei" porque normalmente seus replicantes não estão acusando seu ouvinte de ignorância. Mas sim, porque nesta peregrinação fui descobrindo que as coisas não são tão complicadas que eu tenho mais capacidades e habilidades ainda sim pouco exploradas. Assim, semana após semana as etapas eram superadas, mesmo aquelas que dependiam apenas de agentes totalmente externos (como o consulado dos EUA), tudo foi incrivelmente se encaixando e/ou se desdobrando.


Amarrando o insight no caminho ao Café, estava uma paráfrase de algo que ouvi em alguma cerimônia (pois é preciso dormir um pouco): "um barco se move um grau em sua partida, muda-se brutalmente o ponto de chegada!". 


Café Bauducco pré-embarque

O caminho do discípulo segue através de oportunidades que se apresentam na relação. Na minha primeira falhei até com o pretexto de estar nesta atual jornada. Qual o grau que ajustei? O que me trouxe o sentimento de regozijo antes do expresso duplo com meus irmãos? Foram três letras em uma palavra: Sim! A despeito (Si Hing Cláudio uma vez gostou desta expressão) de tudo que leram acima, me coloquei à disposição do meu mestre.

Comentei com alguém do grupo (lá estou eu sendo vago pela última vez) que se fosse para apenas chegar lá dar um abraço em Si Fu e Si Mo e voltar já seria sucesso, mas a Vida Kung Fu é tão abundante que nós estaremos 10 dias juntos! Vou até aprender truques culinários com Si Hing Antunes!

 

Agora, algo importante que deve ser considerado: nós 5 dissemos sim! Si Fu numa reunião me disse: "Rangel entre a dificuldade e a realização, está a sua decisão! Basta decidir que vai acontecer, mas precisa ser legítimo e verá que não precisa forçar a barra e acontecerá". Faz alguns meses que me encontrei pela primeira vez com o Si Hing Carlos Antônio num momento de prática no núcleo e nas considerações finais externei minha alegria por quando alguém que era uma foto num quadro vira uma pessoa na minha frente. Melhor, descubro uma pessoa bacana! Como são as coisas nesta vida, ele está vivendo esta jornada ao meu lado aqui no voo! 


Exato momento que o avião cruza a fronteira. 

Aliás, pensando bem, estou aqui finalmente realizando a primeira oportunidade até então perdida: escrever! Quanto tempo Si fu me pede isso? Mesmo não estando no blog pessoal, talvez tenha sido oportuno estar acontecendo em nosso blog familiar. Talvez, quem sabe, traga estímulo ou energia para que mais de nós mudemos 1 grau na direção das oportunidades que Si Fu nos oferece, deixando o hábito de tocar a vida como sempre fizemos com o Kung Fu "de lado".


Putz! Acabei de lembrar que esqueci de trazer o livro "Tao do Surf" para pedir uma assinatura e dedicatória ao Si Fu, ainda bem que temos agora no início setembro um final de semana em que ele estará num evento oferecido pela família do nosso Si Hing Pereira!


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Alex Rangel