Dia 03 de Março de 2019 começou com jeito de ser mais um dia comum de Vida Kung Fu. A agenda inusitadamente folgada, com alguns compromissos cancelados por questões externas à nossa comitiva, junto à um café da manhã com pinta de rotina, até porque dois dias fazendo uma refeição no mesmo lugar numa viagem tão complexa quanto essa, deu até a sensação que já tinham meses que estávamos nesses apartamento. Existe um velho ditado que sempre ouvi que diz: quer fazer Deus rir? Faça um plano. Muitas vezes a pseudo sensação de controle esconde em si armadilhas com de alto potencial de danos, ou de crescimento. Depende de como se encara a situação. Por isso, minha experiência em viagens me ensinou que não existe um dia de vida Kung Fu comum, por mais que as vezes o cansaço que esse processo tende gerar, eventualmente nos faça clamar por isso.
Num instante de conferência dos protocolos para o dia seguinte, nos demos por conta que minha passagem foi erroneamente comprada desmontando a comitiva de um jeito cujo um provável efeito cascata poderia causar um prejuízo, tanto no propósito, quanto no conceito dessa viagem. Ao mesmo tempo que também foi identificado um problema na reserva do nosso hotel de destino na Suíça. Eu e o Si Hing Thiago Pereira tivemos que redirecionar o que havia já havia sido realinhado para o dia, para uma nos mobilizarmos solucionar todas as questões, de maneira rápida e objetiva, enquanto o Si Fu Julio Camacho sentou-se ao fundo da sala em seu computador, sem fazer nenhuma grande intervenção no nosso processo. Ao ajustarmos todos os problemas, o Si Fu sentou-se à mesa expondo que já havia se preparado como alternativa, caso não obtivéssemos sucesso nos reajustes. Mas, para mim, o mais importante foi a conversa posterior, onde consegui em muito perceber duas questões pessoais que há muito me acompanham e claramente foram expostas no momento. Eu realmente tenho uma capacidade de suportar pressão sem me afetar, mas tenho uma notória deficiência de preparação. E essas duas caraterísticas somadas, muitas vezes me colocaram em situações como essa.
Findo o processo, saímos para almoço no Shopping de Oeiras e usamos grande parte da tarde para nos debruçarmos em refinar o processo de Viagens com a liderança do Clã, para que cada vez mais possa através dele consolidar-se um efetivo Instrumento de Provimento Orientado de Vida Kung Fu. Revisando como podemos melhorar todas atividades inerentes ao processo, de maneira trazer plenas condições que todo membro possa vir participar dessa rica ferramenta inspiradora e transformadora.
Decidimos retornar para o apartamento para adiantarmos ao máximo questões relacionadas à viagem, e o Si Fu nos convidou para uma especial prática de Chi Sao, literalmente de tirar o fôlego, apoiada na perspectiva dos eventos recentes. Até hoje me impressiono como nosso corpo reage da maneira como nossa maneira de ser age, e como a conexão entre o Kung Fu e a vida.
De noite, quando mais uma vez a falsa sensação que nada mais de especial tinha para acontecer, tivemos um jantar num restaurante sinojaponês, e curiosamente durante um assunto sobre as artes marciais desses dois países, vi o Si Fu fazendo uma daquelas raras intervenções na conversa de maneira contundente sobre a distância entre o conceito de briga e luta, vida e morte.
Esse dia, como todas, deixa-me grandes lições. Mas o que mais me encanta no processo de aprendizagem via Kung Fu, é que todo aprendizado jamais para no mero acumulo de conhecimentos e compreensão dos fatos, mas aponta para possibilidade de se ampliar a capacidade de eficácia das próprias ações no futuro.