Iniciámos o dia da mesma forma que o anterior. Após a execução das sequências e a prática em grupo, alguém comentou que o terreno, embora que ainda apresentasse dificuldades, já não representava mais o mesmo desafio do dia anterior. Si Fu respondeu que então já não seria mais tão interessante fazer a prática ali de agora em diante. Me fez pensar que outros tipos de situação que o Si Fu poderia propor. A prática dinâmica foi desafiadora como de costume quando se tem tantos Si Hing experientes no grupo. É uma grade oportunidade de crescimento estar cercado de pessoas capazes de sublinhar diversos defeitos na sua técnica.

 



Nos encontramos com Si Sok Úrsula no First Watch, que fica uma pequena caminhada de distância da casa do Si Fu. Eu fui a pé acompanhado de Alex, que compartilhou uma história engraçada de uma imersão anterior que também ocorreu durante uma caminhada pela região. Quando estávamos próximos, Si Sok Úrsula nos viu e nos ofereceu uma carona. Ficamos um bom tempo conversando depois de comer um bom café da manhã, e depois jogamos cornhole que tinha na parte externa. Consegui acertar uma singela vez, e pude testemunhar meu Si Fu acertando com facilidade mais de uma vez utilizando um chute.

 


Antes de retornamos para casa passamos por um gigantesco campo feito de vários campos de futebol (ou soccer) com a intenção de assistir um jogo, mas como este apenas iniciava às 13 e ainda eram 10 e pouco, demos uma breve caminhada e voltamos para casa. Na volta começamos uma série de melhorias na casa. A comitiva se separou em diversos grupos para pintar paredes, trocar lâmpadas, trabalhar no jardim, entre outras coisas. Eu ajudei Si Hing Pedro a pintar as paredes. Nunca tinha feito isso antes, então observei e peguei dicas com ele para aprender como se faz. Me embolei um pouco para misturar a tinta, sujei umas roupas que em tese não deveria sujar, mas no final consegui fazer minha contribuição. Acredito que começamos por volta das 11 e trabalhei direto até as 10, com uma breve pausa para o almoço que foi feito pela Mayara. Acho que teria ficado mais se Si Mo não tivesse me falado que já era quase 10 e meia e que deveria tomar um banho. 

Si Fu e Si Mo ficaram satisfeitos com a pintura, e gostei de ajudar. Eu geralmente fugiria desse tipo de trabalho, mas dessa vez não teve jeito e acabei fazendo. Tenho a tendência a fugir em parte por simples preguiça, e outra por receio de fazer algo errado, que é muito improvável já que tenho muito pouca experiência em botar a mão na massa assim. Esse receio é ressaltado pelo fato de ser na casa de outra pessoa, e especialmente por essa pessoa ser meu Si Fu. Porém, ao longo do processo houve diversos pequenos momentos onde pude apreciar um pouco minha própria capacidade de fazer algo completamente novo de forma razoavelmente boa. Coisas bem pequenas mesmo, como botar uma fita para proteger um rodapé sem deixar espaço para a tinta escorrer ou cobrir o que se quer pintar, ou lembrar de trancar a porta antes de posicionar uma escada para pintar em cima dela para evitar um acidente. Passar pela paredes ao longo do dia e poder refletir no resultado também é valioso. Fui dormir um pouco mais cedo e satisfeito com minha contribuição. Mas depois vi que tinham pequenas falhas na pintura, que esqueci de tirar a fita do teto, que deixei a lata de tinta para outra pessoa guardar. Percebi que celebrei antes da hora. Algo tangível ou que pode facilmente ser revistado facilita a reflexão e potencializa o aprendizado. Não estou morrendo de vontade de fazer obra de novo, mas vou encarar esses e outros tipos de proposta com uma nova atitude de agora em diante.

     


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Niklas Correa

Moy Lei Ga